terça-feira, 14 de julho de 2015

"Ostra feliz não faz pérola"

Um conhecido texto de Rubem Alves foi bastante lido em 2011 e 2012. Intitulado "Ostra feliz não faz pérola", a crônica que também deu nome a um livro do autor faz uma analogia da nossa criação no dia-a-dia ao modus operandi das ostras.

O título é auto-explicativo. Ele defende que as ostras que fazem belas pérolas são aquelas fechadas, tristes, ensimesmadas. As alegres, abertas, comunicativas com o que as cercam, não produzem jóia alguma.

Recentemente, muitos amigos me perguntaram porque eu havia diminuído tanto –para não dizer parado – de escrever textos. Quem me conhece bem, sabe como me é prazeroso o processo da escrita. E como me dói não produzi-los.

Aproximando-me do texto de Rubem, certamente estive feliz nos tempos e, destoando-me do texto de Rubem, certamente estive morta nos últimos tempos. No trabalho, percorri caminhos que muitos gostariam de percorrer, mas se eu pudesse não tê-los percorrido, assim teria feito... Na vida afetiva, principalmente. Hoje percebo que foi necessário. Planos de Deus, alguns dizem. Teimosia minha, acredito. Corri atrás do vento, em torno do "rabo", girei tanto, que cauterizei a mente.

Mais do que corri perigo. Morri.

Toda felicidade e toda morte são cômodas. Por isso deixei de fazer pérolas. Fiquei feliz demais em alguns aspectos, morri em outros. E em ambos, acomodei. Só que qualquer acomodação faz assentar poeira em cima, ou resíduos no fundo do poço.

TUDO NECESSÁRIO!

Muda-se de casa, muda-se de ares, mudam-se as condutas, traçam-se novos planos, retomam-se os sonhos. Recomeça-se.


Ostras felizes podem até não fazer pérolas, mas ostras mortas também não.

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